Um olhar interior...

Sábado, 27 de Junho de 2009

 

 17610331.jpg image by valdirene_1

 

Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois

 

Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois

 

Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois

 

Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois

 

Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois

 

Mário Quintana

publicado por AIMSF às 15:47
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Quinta-feira, 25 de Junho de 2009

 

 

Eu queria ser diferente
Quando te vejo
O meu desejo
Era olhar-te sem ver
Simples lampejo
Do teu corpo ondulante.
Queria passar por ti
Tranquilo, calmamente
Mesmo distante
Como de tanta gente
Por quem passo;
E Intuir-te a graça
Mas sem olhar p’ra ti.
Queria apartar de mim
O pensamento
Qual tormento
Do teu falar cantado
O doce acento
E a tua boca
Onde o sorriso brinca
E resplandece;
Como posso esquecer
O que não esquece?
Quem dera não parecer
que vou enlouquecer
por querer sentir-me imune
ao teu encanto;
Prouvera eu te ligasse tanto
Como me importa
O odor perfumado
Deste cigarro
Que fumo e logo esqueço
Quando se apaga o lume.
Mas só ando a fingir
Que não me iludo
Ganhei cisma em não querer
E queria tudo
Só que não sei mentir-me
Sou sincero,
E não posso fingir
o que não sou.
Sei que é estranha em mim
Esta dúbia atitude
De querer afastar
a quem venero
por não poder esquecer
o que não sei se quero:
- quem nunca, de si,
um pouco me quis dar. 

 

Eugénio de Sá

 (Poema inspirado num texto
de Adhémaro Gomes de Azevedo)

 

publicado por AIMSF às 16:52
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Sexta-feira, 15 de Maio de 2009

Amar

 

Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados amar?


Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha, é sal, ou precisão de
amor, ou simples ânsia?


Amar solenemente as palmas do deserto, o que é entrega ou adoração
expectante, e amar o inóspito, o cru, um vaso sem flor, um chão de
ferro, e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de
rapina.Este o nosso destino: amor sem conta, distribuído pelas coisas
pérfidas ou nulas, doação ilimitada a uma completa ingratidão, e na
concha vazia do amor a procura medrosa, paciente, de mais e mais amor.


Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa amar a água
implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.


Carlos Drummond de Andrade

publicado por AIMSF às 10:43
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