Um olhar interior...

Segunda-feira, 12 de Outubro de 2009

You are welcome to elsinore


Entre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas flores venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício

Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua posição

Entre nós e as palavras, surdamente,
as mãos e as paredes de Elsinore

E há palavras nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis à boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o
amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita

Entre nós e as palavras, os emparedados
e entre nós e as palavras, o nosso querer falar.

 

 

Mário Cesariny
 

 

publicado por AIMSF às 14:20
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Domingo, 9 de Agosto de 2009

como uma onda do marDoce Certeza

 

 

Por essa vida fora hás-de adorar
Lindas mulheres, talvez; em ânsia louca,
Em infinito anseio hás de beijar
Estrelas d´ouro fulgindo em muita boca!

Hás de guardar em cofre perfumado
Cabelos d´ouro e risos de mulher,
Muito beijo d´amor apaixonado;
E não te lembrarás de mim sequer...

Hás de tecer uns sonhos delicados...
Hão de por muitos olhos magoados,
Os teus olhos de luz andar imersos!...

Mas nunca encontrarás p´la vida fora,
Amor assim como este amor que chora
Neste beijo d´amor que são meus versos!...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas"

publicado por AIMSF às 00:58
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Domingo, 14 de Junho de 2009

0038.jpg image by recado

 

Sentido da Vida

 

Nos olhos do mundo a vida reina

E te pergunta,

A quem te entregas hoje?

A fiel resposta que sai da tua boca

Deixa transparecer o teu poder.

Ficas sem as palavras que trocas

Por beijos intensos e verdadeiros!

 

No sentido de teus desejos

Perco-me em ti e tu em mim

Gritamos um amor forte

Pedimos à vida que nos unifique

E nos dê a merecida união.

 

Entre a vontade de saber que queres

( eu também tenho essa vontade).

Imploras a teu jeito

Exiges o teu direito

Eu cercada pela vida,

Entrego-me perdida.

 

E então qual é o teu sentido?

 

Eu luto e desejo ter muita vida.

 

 

Ana Fernandes- AIMSF

publicado por AIMSF às 22:16
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